Finalmente chegou o fim do semestre e como vocês podem perceber pela minha ausência, foi intenso. A verdade é que conciliar estágio com aulas nos EUA não é brincadeira.
Pra abrir aquela clássica série de postagens sobre o trabalho final, vem o trabalho da matéria Advanced Project Delivery, que eu descrevi no começo do semestre. Cada estudante recebeu um projeto real e construído para estudar. O objetivo é perceber que cada edifício é composto de muitas partes que devem trabalhar juntas para a experiência estética e também para a funcionalidade do edifício.
O projeto que estudei foi a Casa da Música, no Porto, em Portugal. Projeto do escritório OMA, liderado por Rem Koolhaas, é basicamente um auditório para apresentações musicais.
Ao pesquisar o projeto, percebi que ele consiste de uma massa única branca com aberturas com vidro ondulado. O vidro é portanto, o elemento mais chamativo e único do projeto quando visto do entorno. Decidi então desenhar a interface do vidro com as paredes, piso e teto.
Com base em desenhos publicados na revista El Croquis, fotografias e muita imaginação, desenvolvi um detalhe na escala 1:2 representando essas interfaces. Muita coisa foi alterada em relação ao desenho original, pois parte do trabalho era também avaliar o material encontrado e mudar certas coisas para fazer um pouco mais de sentido.
A segunda parte do trabalho consistia em transformar um elemento do edifício e adaptar o sistema para acomodar a transformação. Escolhi mais uma vez me concentrar no vidro, transformando-o em vidro com curvatura dupla (vidro curvo ao longo de dois eixos, infinitamente mais caro). As mudanças não são extremas a princípio: apenas nos pontos de conexão do vidro. No entanto, a superfície da abertura aumentaria, o que potencialmente aumentaria a carga do sistema de ar condicionado, modificando o projeto como um todo.No fim a idéia dessa matéria não é produzir detalhes 100% corretos mas sim uma reflexão acerca de todas as partes que compõem um edifício icônico. É importante ressaltar que arquitetos como Frank Gehry e Thom Mayne – vistos como artistas e mestres da abstração – basearam suas carreiras justamente na produção de detalhes arquitetônicos e foi o domínio dessa coordenação de partes que lhes deu o aparato técnico para criar edifícios tão complexos e inesperados.