A estética da caixa d’água

Existe uma certa tendência de se considerar Arquitetura apenas certas tipologias, principalmente aquelas destinadas à ocupação por pessoas. Nas escolas de arquitetura vemos uma predominância de projetos residenciais, seguidos talvez por edifícios e espaços públicos, como teatros, museus e parques. Essa pelo menos é a percepção da professora Dora Epstein Jones, que ofereceu a matéria Undecorated Sheds and Other Rural Types, que eu já resumi anteriormente aqui.

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Patente número 2567958: tanque elevado. Fonte: Google Patents

A proposta dessa matéria era de encontrar novas tipologias para exploração formal em arquitetura, voltando-se às tipologias rurais que normalmente são negligenciadas quando se fala no assunto. A turma foi dividida em duplas e trios, cada um com um tema. Eu e minha dupla, Caleb Fisher, escolhemos as caixas d’água.

O recorte da investigação são os Estados Unidos, pois logo no início da pesquisa percebemos que há muitas formas diferentes para caixas d’água. Apesar da verticalidade predominar e haver parametros formais claros, há muita variedade de materiais, tratamento de superfícies e grau de detalhamento.

Percebemos também que caixas d’água têm proporções verticais, mas não são necessariamente expressivas do seu conteúdo. Há a tipologia mais simples, de um tanque sobre uma estrutura treliçada em aço, mas há também muitos exemplos em que o tanque é escondido por um exterior ‘mais bonito’. A interioridade dos exemplos mostrada foi desenhada com base em fotos, desenhos e especulação. O ponto mais interessante aqui é como a forma das caixas d’água disfarça seu conteúdo, mas às vezes ainda tentando se passar por funcional.

 

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Estudos de volumetria, interior, exterior e terreno para 12 torres pelos Estados Unidos. Em parceria com Caleb Fisher.

Seja em paisagens rurais, como símbolo da uma cidade, à beira de ferrovias ou no topo de edifícios em Nova York, é inegável que as caixas d’água são estruturas chamativas, e talvez por isso mesma haja tanta variedade de formas e acabamentos – pois elas são vistas por todo mundo na paisagem. No mais esse estudo foi interessante para considerar mais possibilidades para a arquitetura e o ensino além das tipologias urbanas.

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